Quando se trata de trabalhar com resíduos, como garanto a qualidade contínua do produto final?
Garantia de qualidade em resíduos? Recebi essa pergunta de outra profissional que também tem no upcycling o seu negócio, a Marcela Rodrigues de Camargo, da Sante Science e resolvi trazer para aqui essa discussão.
Das duas uma (ou as duas), ou você tem garantia da qualidade no início, assim você recebe o insumo já padronizado, ou o seu processo garante isso. Que é o que já acontece com qualquer insumo que venha da natureza.
A gente deveria aceitar a variabilidade inerente da natureza, inclusive porque é ela que garante a continuidade das espécies, mas acostumamos mal o mercado a ter padronização, no melhor estilo produção fordista que não combina nada com alimentos, mas a realidade é essa, então nos adaptamos como qualquer outra indústria.
Nem sempre o teor de açúcar da fruta é ideal para o suco, nem sempre o boi tem o mesmo tamanho ou o mesmo teor de gordura, mas a indústria garante sua qualidade porque tem seu controle já na entrada da matéria-prima, por exemplo destinando só frutas com determinado brix para produção de suco ou corrigindo variações do insumo durante o processamento, adicionando água, por exemplo. Ou ainda deixando uma margem de segurança, como garantir no mínimo X colônias de bactérias num produto probiótico.
Não é porque sua matéria-prima veio de outro processo que ela seja mais problemática, ela vai passar pelos mesmos controles que uma matéria-prima virgem.
Assim como em qualquer processo da indústria de alimentos, é necessária a garantia de qualidade desde a origem, pode-se exigir análises e laudos que assegurem parâmetros, são os mesmos procedimentos que ocorrem em processamentos de insumo virgem.
O que acontece é que por ser um resíduo, algo que iria para o lixo, há quem esqueça que o insumo, de outra forma IRIA para o lixo, mas ele NÃO FOI para o lixo, ele foi acondicionado e processado seguindo padrões de qualidade como qualquer outra matéria-prima.
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