Mulheres em upcycling: 8 líderes que estão revolucionando o mercado
Antes de mais nada, que as mulheres estão empreendendo por toda parte isso não é novidade, certo? Mas uma coisa interessante de se notar é que elas também estão por trás de grandes ideias que trazem mais sustentabilidade e responsabilidade socioambiental para o mercado.
O Dia Internacional das Mulheres teve origem no movimento operário e se tornou um evento anual reconhecido pela Organização das Nações Unidas (ONU). 1908, quando 15 mil mulheres marcharam pela cidade de Nova York exigindo a redução das jornadas de trabalho, salários melhores e direito ao voto.
Por aqui adoramos dar voz às mulheres, não só porque este artigo foi escrito por mulheres e a Upcycling Solutions foi co-fundada por uma mulher, mas também para que cada vez mais mulheres estejam à frente de grandes negócios mais justos, sustentáveis e (por que não?) mais lucrativos!
Já falamos sobre a relação entre as ações pelo dia das mulheres e a indústria de alimentos aqui e sobre como seria se reconhecêssemos as mulheres cientistas como celebridades aqui, já lançamos até um e-book sobre mulheres inspiradoras (esse já não está mais disponível).
Agora, em homenagem ao Dia Internacional das Mulheres, hoje vamos te mostrar 8 grandes mulheres que estão revolucionando o mercado e que esperamos inspirar a surgir cada vez mais mulheres em upcycling.
Confira!
1. Claire Schlemme
Claire cursou Estudos Ambientais na Universidade de Yale com um só objetivo em mente: tornar a indústria de alimentos mais sustentável.
E, para isso, ela fundou a Renewal Mill, empresa de ingredientes feitos a partir de resíduos, ou seja, uma empresa de ingredientes upcycled. Okara é o maior insumo de seus produtos (que, aliás, temos um artigo inteiro dedicado dedicado a ele aqui), esse resíduo da produção de bebida de soja origina o carro-chefe da empresa, a farinha de okara, naturalmente rica em fibras e sem glúten. A ideia é realmente criar uma economia circular onde nutrientes riquíssimos não sejam mais perdidos.
E como parceira nessa empreitada, Claire conta com o apoio de outra mulher: Caroline Cotto, a COO da empresa. As duas se conheceram numa canoa de turismo e logo perceberam que compartilhavam a mesma visão de melhorar o sistema alimentar.
Bacana, não é?
2. Natasha Dhayagude
Formada em Bioquímica na Universidade de Nova Brunswick, a canadense é a mulher por trás da startup Chinova Bioworks.
O principal trabalho da empresa é com cogumelos, num processo de upcycling dos caules e micélio dos cogumelos brancos (que são descartados pelos produtores) para criar um conservante natural para a indústria de alimentos.
Inclusive, esses resíduos são obtidos dos agricultores locais, proporcionando um fluxo de receita extra que, em outras ocasiões, seria descartado.
O conservante Chiber, além de upcycled e clean label, é vegano, livre de alergênicos e tem sabor, cor e textura neutros.
3. Anna Bullus
A inglesa Anna é a fundadora da Gumdrop, uma empresa de upcycling de chiclete mascado.
Durante a produção do seu TCC para o curso de design na Universidade de Brighton, Anna voltava para casa e observou a quantidade de goma de mascar descartada na calçada e nos muros e resolveu pesquisar alguma forma de reaproveitar esses resíduos.
A partir daí, nasceu a Gumdrop. Desse modo, o primeiro objetivo foi criar um material moldável a partir da goma mascada, aqui ela criou coletores para serem instalados nas ruas e, dessa forma, as pessoas pudessem jogar seus chicletes neles e, consequentemente, depois serem coletados para produzir, tente adivinhar…solas de sapato.
Criada em 2009, hoje a empresa de Anna tem parcerias ao redor do mundo todo, inclusive de prefeituras e estados que encomendam os coletores upcycled da Gumdrop para espalhar pelas cidades e, até mesmo, da Adidas que lançou um tênis feito com solado upcycled de chiclete mascado.
4. Betty Lu
Já falamos aqui como é uma prática comum na indústria de alimentos, os vegetais e frutas “feios” serem descartados mesmo estando em perfeito estado para consumo.
Pensando nisso, Betty Lu criou a Confetti Snacks, uma marca de salgadinhos feitos com esses vegetais rejeitados, os “patinhos feios” da produção.
Os snacks são feitos em vários sabores como: tandoori, teriyaki e truffle. Betty é de Singapura, mas viajou pelo mundo para selecionar sabores que ela considerou os melhores do planeta. Cada pacotinho contém, pelo menos, 7 vegetais diferentes.
5. Sheetal Bahirat
Sheetal Bahirat, cientista de alimentos, estava preparando guacamole para sua turma quando percebeu que tinha em cascas e caroços um volume tão expressivo quanto o do próprio guacamole. Foi aí que ela resolveu fazer seu mestrado sobre caroços de abacate, para descobrir o que fazer com eles de forma mais sustentável, na Drexel University. O negócio nasceu quando ela se uniu a Zuri Masud, sua então sócia, para abrir uma empresa de bebidas feitas com extrato de caroço de abacate, a Hidden Gems Beverage Company.
Juntas, eles lançaram a Reveal Avocado Seed Brew, bebida semelhante à kombucha, mas com 3 vezes mais antioxidantes que o chá verde. Para o futuro, Bahirat espera utilizar outros ingredientes upcycled em novos produtos, inclusive o próprio caroço de abacate possui amido, que pode ser usado em outras formulações. A visão de longo prazo é continuar como uma empresa de upcycling e orientada socialmente.
6. Kaitlin Mogentale
Fundada em 2015 e com sede em Los Angeles, a Pulp Pantry transforma o bagaço fibroso de frutas e vegetais em snacks sem adição de açúcar.
Além de ter fundado uma empresa de upcycling que já está quase chegando ao seu décimo aniversário, Kaitlin Mogentale esteve recentemente no programa Shark Tank, onde conseguiu um investimento de 500 mil dólares para sua empresa expandir ainda mais.
7. Ana Koff
Vamos falar agora das empreendedoras brasileiras.
Ana Koff é gaúcha, graduada em Farmácia, com mestrado em envelhecimento da pele e pós-graduada em engenharia cosmética. Toda essa formação veio bem a calhar já que ela é também CEO da Ziel Cosmetics.
A Ziel tem parcerias com produtores de vinho na região de Bento Gonçalves e, assim, recolhe toda a uva que seria desperdiçada na produção de bebidas para produzir os seus produtos.
Já falamos em vídeo sobre os produtos da Ziel aqui.
8. Paula Facó
A cearense Paula sempre foi apaixonada por Gastronomia e conseguiu aliar essa paixão com a sustentabilidade criando uma coleção de pratos biodegradáveis feitos com resíduos da banana.
O prato é feito com o caule da bananeira e cola de amido. Detalhe que o caule não é usado pelos produtores e quando a planta não está dando mais frutos é, normalmente, queimado. Sendo assim, a ideia do projeto foi justamente aproveitar resíduos de uma fruta que é muito produzida no Ceará.
Em conclusão, a linha de pratos upcycled foi batizada de M.U.S.A que significa Materiais e Utensílios Sustentáveis para Alimentação e também faz referência a Musa paradisiaca, o nome científico da bananeira.
Mulheres em upcycling: há muito pela frente, mas já podemos nos orgulhar
É uma data de celebração, mas mais que isso, de reconhecer que a equidade ainda não foi alcançada e temos muito a trabalhar para atingí-la. Esperamos que nos próximos anos tenhamos mais mulheres em upcycling, com muito mais histórias de empreendedoras latinas, africanas e asiáticas nos mais diversos negócios em torno do upcycling de alimentos.
Em suma, o que você achou de conhecer a história e o trabalho dessas 8 mulheres únicas? Aliás, dizemos únicas em história, mas não em criatividade e determinação. O mundo está cheio de mulheres que têm colocado as mãos no trabalho diário de tornar o mundo um lugar mais sustentável.
A todas elas, o nosso mais sincero agradecimento!
Feliz Dia Internacional das Mulheres!
Referências: BBC, Grocery Doppio, Acast, Cuisine Noir Mag, Grid Magazine