IA ressuscita mortos, e ressuscitar alimentos?
Das várias análises sobre o comercial de Maria Rita e Elis Regina, que “ganhou vida” 40 anos depois de seu falecimento graças à inteligência artificial, uma me chamou a atenção e dizia mais ou menos o seguinte:
“há diversas formas menos preguiçosas de usar IA, ressuscitar mortos não é uma delas”.
Ressuscitar mortos talvez não seja o melhor uso para humanos, mas fiquei pensando se poderíamos ressuscitar alimentos.
No início do ano cientistas recriaram carne de mamute e estamos longe de dizer que é de fato um mamute, já que as partes faltantes foram completadas com DNA de elefante, porém já é um aceno para o futuro.
No entanto, há uma maneira segura de ressuscitar alimentos que nem precisa de IA, que são os bancos de sementes, tipo o cofre do juízo final (Svalbard Global Seed Vault), que abriga sementes do mundo todo e já “ressuscitou” espécies dizimadas na guerra na Síria.
O apelido de “cofre do juízo final” não é à toa, existem grandes e pequenos ‘dias do juízo final’ acontecendo em todo o mundo todos os dias e extinguindo espécies alimentícias.
No Brasil a Embrapa enviou nossas sementes para o banco norueguês, mas se seguirmos extinguindo nossa biodiversidade, talvez não haja IA e deepfake capaz de trazê-la de volta daqui a 40 anos.
Publicado no linkedin em 05 de julho de 2023.